No dia 21 de julho de 2012, realizou-se
a segunda saída de campo dos alunos do curso de especialização EGH. As
localidades visitadas foram os municípios de Rio Pardo e Santa Cruz, na região
do Vale do Rio Pardo. O objetivo da
saída de campo foi observar o contraste entre as duas cidades, vizinhas e de
formação muito parecida, seja na organização do espaço urbano, na forma de ver
e valorizar a própria história ou mesmo nas relações econômicas com a região e
com o mundo externo.
RIO
PARDO
Uma das cidades mais antigas do Rio
Grande do Sul, a formação de Rio Pardo remonta o período colonial. A
arquitetura de boa parte dos prédios, casas e igrejas (em relativo bom estado
de conservação em sua maioria) salienta o estilo português clássico e o ar
bucólico da cidade. Lá encontramos também a “primeira rua calçada no Rio Grande
do Sul”, conhecida popularmente como “rua da ladeira” (datada de 1813).
Passamos brevemente também pelo “Forte Jesus, Maria, José do Rio Pardo”,
embrião que deu origem à vila de Rio Pardo em meados do século XVIII. O forte
(que também já se chamou de “Fortaleza do Rio Pardo”) foi construído pelos
portugueses em um ponto estratégico, próximo ao rio Jacuí, permitindo uma ampla
visualização das redondezas, para se precaver das investidas de tropas
espanholas. Por nunca ter sido tomado ou derrubado, o forte recebeu a alcunha
de “Tranqueira Invicta”. Outro espaço digno de nota é o Centro de Memória de
Rio Pardo, que ocupa o prédio (restaurado) onde havia a escola em que Getúlio
Vargas estudou (motivo de claro e evidente orgulho para a população local).
Entre espaços de memória e uma visão de
certa forma nostálgica do passado, Rio Pardo (outrora o principal município do
Vale) hoje é uma cidade de pequenas dimensões, atividade econômica bastante
tímida e ares claramente interioranos. Trata-se do tipo de cidade de pouco
movimento, onde você recebe “bom dia” de desconhecidos e onde todos os
moradores, de uma forma ou outra, parecem se conhecer e têm alguma história
para contar ao “povo da capital”.
SANTA
CRUZ
Em claro contraste com Rio Pardo, o
município vizinho de Santa Cruz (de forte colonização germânica), demonstra
características de um pólo urbano e econômico da região. De majoritária colonização germânica, a cidade
de Santa Cruz possui algumas obras arquitetônicas notáveis, como a catedral da
cidade – que lembra bastante o estilo gótico europeu. No “Morro da Cruz”, uma
enorme cruz e um mirante com vista panorâmica da cidade tornam o espaço
convidativo a turistas. O TC contou com
uma visita ao museu do tradicional Colégio Mauá, que contava com peças sortidas
e algumas exposições temáticas sazonais.
Diferentemente de Rio Pardo, Santa Cruz
não possui ares lá muito interioranos. Tal como as grandes cidades, possui um
forte contraste entre espaços mais “nobres” e a periferia local. A atividade
econômica que define o município (e arredores) é o cultivo e beneficiamento do
tabaco. Ali estão assentadas algumas das principais multinacionais da indústria
tabagista e a esmagadora maioria dos proprietários rurais (pequenos e grandes)
da região pratica o cultivo do tabaco. Estes produtores são representados pela
AFUBRA (Associação dos Fumicultores do Brasil), cuja sede foi visitada durante
o TC. Na AFUBRA, uma explanação sobre a entidade e suas atividades na região
(assim como o histórico da associação) foi guiada por funcionários e lobistas
da associação – que fizeram questão em seu discurso de deixar claro
compreenderam os malefícios do fumo, mas defenderam com unhas e dentes a
atividade em função de sua relevância econômica para a região e - em alguns
momentos – chegaram a se apresentar como vítimas do Ministério da Saúde e suas
políticas anti-fumo. Houve também uma breve visita ao setor “verde” da AFUBRA,
uma pequena usina de produção de biodisel.